domingo, 8 de abril de 2018

LULA: O SONHO NÃO ACABOU.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva leva ao mão ao peito durante uma missa-ato em homenagem a sua mulher Marisa Letícia, falecida em 2016. A cerimônia, comandada de uma espécie de carro de som, foi realizada nos aforas do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, transformado em 'bunker' desde quinta-feira, quando Lula recebeu a ordem de prisão de determinada pelo juiz federal Sérgio Moro.
LULA - ÚLTIMOS MOMENTOS ANTES DA PRISÃO EM 07/04/2018.  O SONHO ACABOU?
 O discurso de Lula de hoje, 7/4/2018, entra para a História do Brasil comparável à carta-testamento de Getúlio Vargas. Lula agiu corretamente ao não cumprir de imediato a ordem de prisão de Moro e escolheu o lugar simbolicamente mais adequado para o ato político contra sua condenação: a sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, onde surgiram as lutas que ajudaram a minar a ditadura militar e o projetaram como a maior liderança política do Brasil contemporâneo.

As dezenas de milhares de militantes mobilizados demonstraram que Lula não está sozinho, pois junto dele estiveram além do PT, o PCdoB, PSOL, PCO e, mesmo no exterior, Ciro Gomes do PDT enviou mensagem de solidariedade. Além dos partidos, CUT, CTB e diversos sindicatos fizeram-se presentes com MST, MTST, UNE, UBES, movimentos de mulheres, negros, juventude, lgbt e tantas outras frentes que sentem que a agressão a Lula é um ataque a todos. Padres, pastores e artistas subiram ao palanque para mostrar a amplitude do que sua figura representa.

Mas o principal veio em seu discurso: Lula disse com suas palavras que mais importante do que ele são as ideias que representa e que mesmo encarcerado, milhões de Lulas se multiplicarão pelo Brasil. Disse que o pobre tem direito à dignidade de uma boa refeição, a viajar de avião e a entrar na universidade. Defendeu a soberania nacional na Petrobras, BNDES, Caixa e BB. Atacou os setores golpistas do judiciário, MP, PF e a mídia (especialmente a Globo) que o tempo todo vilipendia sua imagem. Convocou partidos, sindicatos e movimentos sociais a resistirem e ao final fez o mais simbólico de todos os gestos: ergueu as mãos de Manuela D’Ávila do PCdoB e Guilherme Boulos do PSOL, fazendo um chamado à unidade do campo democrático, popular e nacional.

O sonho da mídia de capturar a imagem de Lula algemado conduzido a um camburão foi substituído pela dele sendo carregado pela multidão, entregando-lhe flores e cantando a música do Chico Buarque que dá um recado aos golpistas: “apesar de você, amanhã há de ser outro dia”. Como aconteceu com Mandela, Gandhi, Tiradentes e tantos outros heróis nacionais e internacionais, Lula será preso. Mas a sua prisão, ao invés de representar uma derrota, sinaliza uma vitória: a vitória moral daqueles que escolheram o lado certo da História e que sabem que um novo futuro se avista no horizonte, que será conquistado com luta e resistência.

Editada por Severino Antonio - bibiu do jatobá.
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