“Apesar do desempenho mais positivo das contas públicas, o Comitê avalia que recentes questionamentos em relação ao arcabouço fiscal elevaram o risco de desancoragem das expectativas de inflação, aumentando a assimetria altista no balanço de riscos. Isso implica maior probabilidade de trajetórias para inflação acima do projetado de acordo com o cenário básico”, destacou o texto. O Copom informou que também deverá elevar a Selic em 1,5 ponto percentual na próxima reunião do órgão, em dezembro.
A taxa está
no nível mais alto desde outubro de 2017, quando também estava em 8,25% ao ano.
Esse foi o sexto reajuste consecutivo na taxa Selic. De março a junho, o Copom
tinha elevado a taxa em 0,75 ponto percentual em cada encontro. No início de
agosto, o BC passou a aumentar a Selic em 1 ponto a cada reunião. Com a alta da
inflação e o agravamento das tensões no mercado financeiro, o reajuste passou
para 1,25 ponto em setembro.
Com a decisão
de hoje (27), a Selic continua num ciclo de alta, depois de passar seis anos em
ser elevada. De julho de 2015 a outubro de 2016, a taxa permaneceu em 14,25% ao
ano. Depois disso, o Copom voltou a reduzir os juros básicos da economia até
que a taxa chegasse a 6,5% ao ano em março de 2018. A Selic voltou a ser
reduzida em agosto de 2019 até alcançar 2% ao ano em agosto de 2020,
influenciada pela contração econômica gerada pela pandemia de covid-19. Esse
era o menor nível da série histórica iniciada em 1986.
Esse foi o
maior aperto monetário em quase 20 anos. A última vez em que o Copom tinha
elevado a Selic em mais de 1 ponto percentual tinha sido em dezembro de 2002.
Na ocasião, a taxa tinha passado de 22% para 25% ao ano, com alta de 3 pontos.
UMA VEZ A INFLAÇÃO INSTALADA, O POBRE É QUE PAGA O PREÇO MAIS CARO |
Inflação
A Selic é o
principal instrumento do Banco Central para manter sob controle a inflação
oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Em
setembro, o indicador fechou no maior nível para o mês desde 1994 e
acumula 10,25% em 12 meses, pressionado pelo dólar, pelos combustíveis e pela
alta da energia elétrica.
O valor está
acima do teto da meta de inflação. Para 2021, o Conselho Monetário Nacional
(CMN) tinha fixado meta de inflação de 3,75%, com margem de tolerância de 1,5
ponto percentual. O IPCA, portanto, não podia superar 5,25% neste ano nem ficar
abaixo de 2,25%.
No Relatório
de Inflação divulgado no fim de setembro pelo Banco Central, a
autoridade monetária estimava que, em 2021, o IPCA fecharia o ano em 8,5%
no cenário base. A projeção, no entanto, pode estar desatualizada com a
possibilidade de que o teto de gastos seja alterado.
A
projeção está abaixo das previsões do mercado. De acordo com o boletim Focus,
pesquisa semanal com instituições financeiras divulgada pelo BC, a inflação
oficial deverá fechar o ano em 8,96%. A projeção oficial só será
atualizada no próximo Relatório de Inflação,
que será divulgado em dezembro.
Crédito mais caro
A
elevação da taxa Selic ajuda a controlar a inflação. Isso porque juros maiores
encarecem o crédito e desestimulam a produção e o consumo. Por outro lado,
taxas mais altas dificultam a recuperação da economia. No último Relatório
de Inflação, o Banco Central projetava crescimento de
4,7% para a eco em 2021.
O
mercado projeta crescimento maior. Segundo a última edição do boletim Focus,
os analistas econômicos preveem expansão de 4,97% do Produto Interno
Bruto (PIB, soma dos bens e serviços produzidos pelo país) neste ano. A
projeção está desacelerando por causa da persistência da inflação e da alta dos
juros.
A taxa básica
de juros é usada nas negociações de títulos públicos no Sistema Especial de
Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência para as demais taxas de
juros da economia. Ao reajustá-la para cima, o Banco Central segura o excesso
de demanda que pressiona os preços, porque juros mais altos encarecem o crédito
e estimulam a poupança.
Ao reduzir os
juros básicos, o Copom barateia o crédito e incentiva a produção e o consumo,
mas enfraquece o controle da inflação. Para cortar a Selic, a autoridade
monetária precisa estar segura de que os preços estão sob controle e não correm
risco de subir.
Matéria editada por Irnar Francisca
Fonte da Matéria: SITE PARAIBA ON LINE
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