segunda-feira, 4 de julho de 2016

EM ALAGOA GRANDE, PB, O CASO DE DONA ARLINDA É O RETRATO DA DECADÊNCIA DO MUNICÍPIO

Família lama por assistência social em Alagoa Grande, vítima do descaso da gestão atual
Era uma vez, uma cidade que foi fundada por índios cujo o primeiro nome foi Paó, depois Lagoa do Pa ó, em seguida Lagoa Grande, e hoje, Alagoa Grande. Terras de grande produção da monocultura da cana-de-açúcar, com grandes engenhos, usinas de açúcar, fábricas de algodão, concessionárias de automóveis, transportes de trem para escoar sua produção até para Europa, onde as feiras livres começavam pelas madrugadas e iam até ao anoitecer dos sábados. 
A economia era tão evoluída que foi preciso construir dois cinemas e um teatro onde dava toda conotação de uma cidade pujante e com alto índice de intelectuais. 
Foi nela onde nasceu um dos maiores homens da política e da justiça da Paraíba e do Brasil: Oswaldo Trigueiro de Albuquerque Mello. Terra daquele cidadão que, nascido na zona rural (usina tanques), ganhou o mundo com o seu gingado e tornou-se conhecido como o "Rei do Ritmo", nosso Jackson do Pandeiro. E porque não dizer terra da grande líder sindical Margarida Alves, que dizia "É melhor morrer na luta do que morrer de fome".

Uma cidade que por muito tempo centralizou o poder do Estado. Pois, era de Alagoa Grande, na época de Aguinaldo Veloso Borges, usineiro, na ditadura militar, de onde muitas decisões políticas eram decididas. 
Mas o que ninguém de bom senso jamais poderia imaginar era o de que um dia a nossa cidade fosse tão exposta negativamente para a Paraíba, para o Brasil e o Mundo. O caso da senhora Arlinda da "Barreira" já tomou conta do noticiário até em veículo de comunicação mundial, numa drástica maneira como aquela cidadã brasileira, alagoagrandense, vem vivendo. 
Há um ano atrás, os seus filhos foram flagrados comendo roedores (ratos) para sobreviver, e quando todos nós pensávamos que o drama daquela família havia acabado, eis que esta semana a situação daquela singela mulher voltou a ocupar novamente a mídia estadual, quando profissionais do jornalismo do Sistema Correio de Comunicação presenciaram "in loco" o drama vivido, não só por aquela cidadã, como também pelos seus nove filhos. 
 Ao ouvir pelo rádio um dos apresentadores do programa, Écliton Monteiro, narrar para toda a paraíba que Dona Arlinda e seus filhos estavam se alimentando de passarinhos como bem-te-vi, rolinha e anú, passou para todos nós alagoagrandenses um sentimento de humilhação, pois o caso dessa mãe de família parece ser infinito, talvez por ser uma pessoa marginalizada pela própria sociedade elitista que continua se sobrepujando na política alagoagrandense. 
Uma das narrativas que mais nos sensibilizou foi quando o apresentador diretor do programa, Fabiano Gomes pediu no ar (ao vivo) para que o seu companheiro de trabalho que estava falando direto de Alagoa Grande, fizesse uma feira no valor de duzentos reais, e mais, recebeu a solidariedade, de um outro cidadão, proprietário das "Farmácias Dias" que ofertou mais duzentos reais. 
 
Apresentando uma voz que demonstrava certa revolta com a situação fez diversos apelos ao gestor do municipio de Alagoa Grande, na tentativa de conseguir empregar alguém dessa familia, que vive com quatrocentos reais, para dividir entre dez pessoas, dinheiro oriundo de bolsa oferecida pelo Governo Federal. 
Depois de todo apelo, eis que quem telefonou para ajudar a Dona Arlinda foi o prefeito de Campina Grande, Romero Rodrigues Veiga. Essa história real vivida por Dona Arlinda e seus nove filhos reflete não só a situação em que se encontra o Brasil, mas mostra nitidamente uma dura realidade de quem vive a nossa Paraíba, e porque não dizer, principalmente na nossa Alagoa Grande. 
O que falar para os amigos que se comunicam conosco de vários lugares do Brasil, essencialmente os conterrâneos alagoagrandenses que estão lá fora sabendo dessa situação. Ficam a nos perguntar, o que está acontecendo com a nossa terra? O que houve com Alagoa Grande, uma cidade que era tão pujante, de economia alavancada. O que está acontecendo? É assim mesmo que os nossos amigos e irmãos ficam a nos indagar.
E agora, só nos resta a refletir, será que temos que continuar com Alagoa Grande desse jeito? Será que não tem mais jeito? Quem está acabando com a esperança de um povo tão trabalhador? Desse episódio que mostra o sofrimento desta família, temos que tirar para nós alagoagrandenses, a necessidade de restabelecer a autoestima e continuar lutando em prol de uma cidade em que casos dessa natureza não venha mais a se repetir.
 É necessário que o povo alagoagrandense, este ano, possa dar uma resposta transformadora, e coloque no poder pessoas verdadeiramente comprometidas com sua gente. 
É preciso colocarmos na administração alguém, essencialmente, com o discernimento de gerar emprego e renda e tirar a cidade dessa estagnação político-administrativo, para que famílias como a da senhora Arlinda possa se orgulhar da cidade em que vive. 
Alagoa Grande precisa tomar consciência e não mais repetir os erros por ela praticado. Quando votamos em gestor ruim, sofre todo mundo. Que este lamentável acontecimento sirva de lição para todos nós, e tiremos disso um resultado positivo para o futuro de nossa terra. De agora em diante, temos uma nova chance de reavaliar os nossos atos como cidadão e votar de forma consciente contra aqueles que prometem que vão fazer e não cumprem. Cuidado eleitor, se votar errado, você estará fadado a sofrer por quatro anos ou cinco anos. 

Texto de JOSÉ GILDO DE ARAÚJO - JORNALISTA -DRT 4580/97
Edição e fotos do acervo de: bibiu do jatobá.
Indignação: De todos e todas que têm sensibilidade humana.

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