quinta-feira, 5 de novembro de 2015

A REVISTA "PLYBOY" SUSPENDE A PUBLICAÇÃO DE FOTOS DE MULHERES NUAS



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A decisão da "Playboy" de deixar de publicar fotos de mulheres nuas pouco tem a ver com uma vitória feminista e com os avanços da mulher, e muito a ver com um modelo de negócios que deixou de ser eficiente —pôsteres de mulheres nuas na era do Girls Gone Wild, Milfs e Two Girls One Cup parecem tão desgatados e empoeirados quanto o velho roupão de Hugh Hefner.
O velho sexismo já não dá dinheiro, mas o novo sexismo vai continuar ativo.
Já faz 50 anos que Gloria Steinem se infiltrou em uma das unidades do Playboy Club operadas por Hefner, vestindo um leotard de cetim e um rabinho postiço de coelha, para expor um mundo no qual as mulheres recebiam "deméritos" por usarem saltos com menos de 7,5 centímetros, eram chamadas às mesas com gritos de "vem cá, coelhinha" e tinham de se submeter a um exame ginecológico para um emprego como garçonete.
A decisão é uma ilusão sedutora de progresso —a mais famosa revista de mulheres nuas do planeta deixando os nus de lado para se concentrar "nas reportagens"—, mas ainda assim não passa de uma ilusão. Quando seu site foi relançado sem fotos de mulheres nuas, este ano, a revista explicou que era porque sua marca transcende a nudez, e "Playboy" é "um árbitro cultural de beleza, gosto, opinião, humor e estilo".
O anúncio sobre a revista, porém, continha uma dose maior de franqueza. Scott Flanders, o presidente-executivo da "Playboy", disse ao "New York Times" que "agora todos estão a um clique de distância de todos os atos sexuais imagináveis, e de graça".
Além disso, a nudez jamais foi o problema das feministas com relação a "Playboy", porque não há nada de sexista nas imagens de mulheres nuas em si. A ideia de que os homens têm direito a essas mulheres, no entanto —uma ideia que domina o cenário da cultura pop quer os proponentes tenham credenciais pornográficas, quer não— é o problema.

Edição de bibiu do jatobá direto do site - FOLHA DE SÃO PAULO - UOL

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