Escritor José Guedes Guimarães |
”Quanto a ti, oh meu rebanho, assim afirma YAHWEH, o Eterno Soberano Deus: julgarei entre uma ovelha e outra, entre carneiros e bodes” – Ezequiel 34: 17 (destaquei).
Lembro que em 1968 – eu, ainda jovem, com 19 anos –, aqui teve lugar uma campanha eleitoral para eleição de Prefeito e Vereadores, cujas agremiações partidárias concorrentes eram a ARENA — ALIANÇA RENOVADORA NACIONAL e MDB – MOVIMENTO DEMOCRÁTICO BRASILEIRO, representadas nesse caso em espécie, respectivamente, pelos candidatos DJALMA LINS COELHO e JOÃO BOSCO CARNEIRO (Hoje, ambos de saudosas memórias).
As passeatas, geralmente, eram programadas para o período noturno, com o fim de amenizar as intempéries do clima quente, característico do Piemonte da Borborema (pé de serra) onde está encravado este município do “Antigo Sertão do Paó, Lagoa Grande de ontem, Alagoa Grande de hoje”, tomavam as ruas com alegria e com as alegorias próprias fazendo alusões aos sobrenomes plurais dos candidatos à Prefeitura: COELHOS e CARNEIROS de isopor pregados no topo de pequenos bastões de madeira a acompanharem num sobe e desce o movimento das mãos dos eleitores-foliões, num verdadeiro carnaval, com direito à orquestra e tudo.
Tudo isso foi num crescente, se agigantando, se parecendo com um redemoinho com a poeira cobrindo, acenando que a coisa poderia sair do controle da proposta da campanha. Eis que inventaram um tal “COCHICHO”, para dispensar comícios e, ainda inventaram os ditados do “ARRÔTO” e da “A CONVERSINHA É ESTA”. Os ditados serviam para desdenhar os eleitores opositores do candidato que botava o povo na rua, assim, por exemplo, ao passar a passeata defronte à casa dos opositores alguém puxava o coro com “VOCÊ ARROTA” e “A CONVERSINHA É ESTA”. Passaram a fazer arrastões relâmpagos, entregando a cada participante dois (2) tabiques de madeira que, batendo um no outro, geravam estalidos – ti... tic... tic... tic.. – ritmado e entremeado do “você arrota” e “a conversinha é esta”!
Mas como tudo tem começo e fim – e às vezes o fim é trágico –, no terceiro dia que antecedia a eleição, em meio a uma passeata que denominaram de “passeata dos agricultores”, com rurícolas portando enxadas, foices e galhos de mato, numa tarde fagueira de domingo, mataram a tiros o jovem “ZÉ DE PIO”, defronte e na calçada do Juiz de Direito (onde hoje se encontra instalado o “Cartório de Registro de Imóveis, da Tabeliã IÊDA CARNEIRO). Pasmem! O matador, como que usando a Lei do tempo do duelo – tal qual um duelo ao entardecer dos filmes de Western – dali saiu sem que nunca tenha sofrido sequer uma “Ave Maria“ de penitência: nunca foi a uma audiência, nem foi preso ou apreendido. “IMPUNIDADE! Ou não?...
A partir daquele fato que gerou uma convulsão na sociedade local, o candidato DJALMA perdeu a eleição. A Justiça Eleitoral, considerando os riscos que poderiam correr o público eleitor com passeata que pudesse vir se engalfinhar na outra, nas campanhas subseqüentes, determinou que o marco para separar as passeatas seria a “PONTE DO 31”, isto é, a passeata que estivesse de um lado daquela ponte não passaria para o outro lado, e vice-versa.
Desde então, a regra da Justiça Eleitoral, se fez praticável. É como se tivesse seguido o vaticínio bíblico: ficaram separados os bodes dos carneiros. Aliás, cabe bem a comparação, figurativamente falando, pois, nos dias de hoje, aos eleitores da liderança política representada por BODA (Ô) e àqueles da outra liderança representada por JÚNIOR CARNEIRO, pessoas do povo, respectivamente, chamam-nos de bodeiros e carneiristas, ou bodes e carneiros! (grifei).
Autoria do Escritor José Guedes.
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