segunda-feira, 6 de julho de 2015

CASO RATOS – ALAGOA GRANDE – Jornalista diz que o Prefeito BÔDA “utilizou de argumentos frios e meticulosos, tentando contornar o desamparo àquela comunidade que já se estende por décadas”.


Um clamor por misericórdia, eis o presente ofertado a Alagoa Grande na Passagem de seus 150 Anos.

 O mês de julho começou e enquanto todos esperávamos elogios pelo mês de aniversário da cidade de Alagoa Grande, uma exaltação à cultura ou ao passado honroso, essa semana a cidade ganhou destaque no noticiário nacional através de uma situação alarmante que comoveu inúmeros brasileiros em minutos, só ainda não convenceu muito bem o prefeito da cidade.

A notícia trouxe Dona Arlinda, uma viúva que vive com seus sete filhos na comunidade Barreira e tem se alimentado de ratos, por não ter condições mínimas de sobrevivência. Há pouco tempo, seu marido resolveu suicidar-se por achar vergonhoso dever R$ 150,00 reais e saber que não teria como pagar. Diga-se de passagem, esse dinheiro não foi gasto com jogatinas, mas com comida!

O fato gerou comoção, muitos que assistiram agradeceram aos céus o que tinham e tentaram se manifestar de inúmeras formas. Mas, com todo respeito, não foi o que aparentou advindo do Prefeito Hildon Régis, que quando precisou se manifestar, utilizou de argumentos frios e meticulosos, tentando contornar o desamparo àquela comunidade que já se estende por décadas.

De acordo com o site do portal correio, eis a palavra do Senhor Prefeito sobre a situação de Dona Arlinda: “É uma região carente, mas o fato dessa e de outras famílias comerem caça como carne de rato do junco, teju ou preá não pode ser controlado pelo poder público.”Pergunto: é realmente hábito das nossas casas termos ratos de esgotos como prato principal na nossa mesa? E mesmo que porventura venha a ser uma prática daquela comunidade, não cabe ao Poder Público cuidar da

 saúde pública? Ou será que se voltarmos ao canibalismo o poder público também continuará inerte?
O Senhor Prefeito ousou dizer mais: “Já visitamos eles no ano passado e foi oferecida uma moradia de aluguel, custeada pela prefeitura, para que eles pudessem viver em um local melhor, mas a família recusou.” Pensemos juntos mais uma vez, um pai de família que temsete filhos e uma esposa para dar de comer, que vê toda a sua dignidade perdida quando percebe que não tem R$ 150 reais para quitar uma dívida de comida, recusaria um apoio? Negaria uma solução? E por que só ajudar àquela única família e não a todos da comunidade?

O que está faltando é boa vontade, bom senso e boa-fé, pois o próprio Prefeito afirmou na mesma entrevista já ter conhecimento da situação daquela família, pronunciamento que causa indignação a qualquer leitor e, principalmente, ao leitor alagoagrandense. Todos os políticos desta cidade conhecem a Barreira, sabem que aquele espaço é abandonado e que precisa de um investimento sério na infraestrutura e saneamento básico, obrigações que são exclusivas do Poder Executivo Municipal. Se a situação está sem controle, é porque o gestor não está cumprido corretamente com a função ao qual foi designado. Está sendo ocioso com o compromisso firmado diante de todos os cidadãos alagoagrandes, inclusive com a Zona Rural.

É certo de que existem muitas outras “Arlindas” naquele espaço, mas o que não existe é interesse dos dominantes em reestruturar o local.

O que está faltando é reflexão na hora que estiverem naquela estrada. Que observem os lados, olhem para aquele povo que está subindo e descendo com água barrenta na cabeça, crianças que arriscam a vida naquelas ladeiras íngremes, casas caindo e o grau de miserabilidade crescente; que deixem de lado paliativos como “moradia de aluguel” para uma única família, mas que venham a pensar mais no coletivo. Desenvolvam um projeto de misericórdia para aquele povo, pois o dinheiro público vem, o que não está vindo é o interesse de agir.

Sinceramente, não há como apagar a falta cometida, considerá-la nula e não acontecida, pois esse é um poder que não se tem, ou uma tolice que é melhor evitar. O passado é irrevogável e toda verdade é eterna. Mas se, a partir de agora, pudermos fazer e, acima de tudo, cobrar do Poder Público, algo positivo para aquele povo, pode ser que a dor se transforme em alegria e que, finalmente, o peso do voto daqueles cidadãos, tenham tanto valor quanto o voto do próprio prefeito. Afinal, se tudo continuar na inércia da miséria, será inteligente da nossa parte manter a confiança em quem não está sabendo administrar? Pensemos.

Por fim, quero parabenizar ao portal do Júlio pela reportagem, mesmo escrevendo para o portal Paó, pois se não fosse por ele, poucas pessoas teriam conhecimento do que estava acontecendo com aquela família e com toda a comunidade.

 


















 José Gildo de Araújo
Jornalista
DRT 4580/97

Reportagem colhida por Bibiu do Jatobá no site PORTAL PAÓ

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